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domingo, 12 de agosto de 2012

Viana é Amor e tradição!



Memórias da cidade



Lenço dos namorados de Viana
A lenda que envolve o nome da cidade prende-se com uma linda história de amor. Conta-se que um cavaleiro se apaixonou por uma bela princesa. Rondava o castelo da sua amada, vezes sem conta, na esperança de a ver. Um dia, na varanda mais alta do castelo, viu a princesa, Ana de seu nome, que lhe acenava.
Louco de alegria, o cavaleiro não se conteve e então gritava:

- "Vi Ana do Castelo! Vi Ana do Castelo!" 
Palácio da Vedoria
Edifício do Arquivo Distrital




Viana é terra de tradições e forte história, presente nas suas bem preservadas ruas e caminhos, de forte fervor religioso e grande herança de casas senhoriais e brasonadas. 
Desde 1700, data da construção do Santuário da Senhora d'Agonia, em Agosto de cada ano, a cidade presta-lhe a mais rendida homenagem, honrando-a com uma das mais belas romarias do país, em que a Virgem Mãe é invocada com o nome de Agonia, pelos pescadores da cidade, em virtude de estarem tantas vezes em perigo de naufrágio, já que o mar, quando bravio e movido por tufões, atira as embarcações contra a falésia - “Penedo Ladrão”.
A cidade é emoldurada pelo Monte de Santa Luzia, pelo Oceano Atlântico e pelo Rio Lima. No Monte de Santa Luzia, encontra-se um dos mais bonitos templos do Minho - a Igreja de Santa Luzia (1). Daqui se pode avistar um cenário maravilhoso: o admirável centro histórico de Viana e toda a foz do rio Lima (Lethes (2)) com o seu vale, desaguando no imenso oceano, lá longe... a perder-se de vista... e todo o complexo montanhoso, panorama considerado "um dos melhores do mundo", segundo a National Geographic.
Mas muito íntimo desta tradicional Viana é o seu folclore. Trajes típicos, e artesanato muito próprio e afamado, de onde se destaca a arte de trabalhar o ouro, produzindo peças valiosas e únicas ao longo dos séculos, com obras de arte como as tradicionais “Arrecadas de Viana”, os “Colares de Contas" (produção das civilizações grega, etrusca e fenícia e castreja), as “Memórias de abrir”, a “Laça” ou o “Coração”, bem como uma rica e conceituada Gastronomia são traços que definem e individualizam esta cidade.


De entre uma Viana monumental, pode-se destacar a Igreja Matriz (ou Sé) de traça medieval, a graciosa e encantadora Praça da Rainha - hoje da República, com os Paços do Concelho e centrada pelo Chafariz renascentista, o intelectual Teatro Sá de Miranda, verdadeiro ex-líbris da cultura vianense e alto-minhota, ou a emblemática Ponte metálica projectada por Gustave Eiffel, que além de servir de rodo/ferrovia, é um lindo e espectacular palco de festivos fogos de artificio.
A nova Marina e as recentes obras de valorização da zona ribeirinha, com agradáveis espaços de diversão e lazer, incluindo a imponente Biblioteca Municipal, projecto do arquitecto Álvaro Siza Vieira, contribuem para envolver e prender as atenções na beleza e importância do rio e do mar na cidade.
As famílias dos pescadores, no cais, assistem angustiadas à luta de sobrevivência daqueles homens. De joelhos, chamam pela Senhora da Agonia, numa fé comovedora. Lembram-Lhe os seus maridos, filhos e irmãos, que além do amor que lhes votam, são o seu sustento. Os pescadores da costa marítima nortenha também ali vão agradecer as vidas que Esta Virgem Mãe lhes concede.

 Estátua de Viana, em estilo rococó, inaugurada em 28 de Agosto de 1774.
Jardim Público
A cidade, sede de distrito e município, localizada junto à bela foz do rio Lima, tem no mar uma das suas principais características e influências. Está situada num local abençoado pela natureza, marcado pelo Verde Minho e o profundo azul do Mar e do Rio Lima que a envolve e acompanha de mão dada, desenhando cenários indeléveis e únicos.
Viana foi fundada em 1258 pelo rei D. Afonso III, com o topónimo de Viana da Foz do Minho, mas toda a sua região conta com a presença de tribos e povos ancestrais, como comprovam as ruínas de um castro ou citânia, provavelmente da Idade do Ferro, no topo do lindíssimo Monte de Santa Luzia. Foi aí, no Monte de Santa Luzia, que começou a história da cidade e de onde, hoje, se pode desfrutar, do topo do zimbório do Santuário, de uma vista deslumbrante de toda a povoação e seus envolventes!
Com a Reconquista Cristã surgiu um núcleo populacional que deu lugar à freguesia de Santa Maria. A sua situação privilegiada e a sua proximidade a uma via medieval asseguraram a economia que beneficiava das peregrinações a Santiago de Compostela e da importância que o porto de Viana tinha durante a Época das Descobertas - desta Vila marinheira partiram muitas embarcações que voltaram repletas de tesouros que enriqueceram a população.
Não longe da Basílica encontra-se a Pousada de Santa Luzia onde teria sido edificada a antiga povoação - citânia (castro) e que foi habitada desde 2000 ac. até 1500 dc.. O seu declínio veio com a invasão romana que expulsou para o vale os seus habitantes celtas.

Após a fundação de Viana, destaca-se:
  • Em 1374, é concluída a muralha da Vila, na altura com quatro portas: Porta de S. Pedro, Porta da Ribeira, Porta do Postigo e Porta de Santiago. No século XVI, foi aberta a Porta da Vitória.
Forte de Santiago da Barra
  • Em 1502, para defesa em relação à pirataria, foi construída uma fortificação na barra, denominada Torre da Roqueta.
  • A 1 de Junho de 1512, D. Manuel concede Foral Novo a Viana por a considerar importante pólo de comércio marítimo.
  • Em 1563, D. Sebastião classifica Viana como "Vila Notável", dizendo-a uma das mais nobres e de maior rendimento do reino.
  • Ao longo da Idade Média, Viana torna-se um importante porto marítimo, e durante a época dos Descobrimentos Portugueses, o porto de Viana era mesmo o terceiro mais movimentado do País. 
  • A meados do século XIX a população recebe o nome de Viana do Castelo quando D. Maria lhe concede o título de cidade.
  • Já no século XX viria a ser construída uma frota bacalhoeira, nos Estaleiros Navais de Viana do Castelo (ENVC) (3), para a pesca do bacalhau nos mares do norte.  
 

É difícil resistir ao encanto desta cidade quando a luz clara cria sombras geométricas por entre os majestosos edifícios históricos, onde os estilos manuelino, barroco, revivalista e art-déco predominam. As ruas e ruelas do centro histórico, um dos mais belos e bem conservados do País, chamam a nossa atenção, quer pelas ricas fachadas armoriadas, quer pelos painéis de azulejos preciosos no traço e na cor, à mistura com as recentes obras de arte modernas (Biblioteca Municipal, futuro - que parece não se avizinhar muito próximo - Pavilhão Multi-usos/Coliseu/Centro Cultural (4), Hotel Axis), constituindo um autêntico compêndio da história da arquitectura em Portugal.

  

     

  
  

 A revista Wallpaper, londrina, classificou a cidade de Viana do Castelo como uma "Meca da Arquitectura", pela sua colecção de edifícios, destacando as obras dos arquitectos Fernando Távora, Siza Vieira e Eduardo Souto Moura. 

O hotel Axis foi considerado uma das onze maravilhas da arquitectura. A escolha é da revista norte americana Travel Budget e vem consumar várias referências à originalidade do projecto em forma de lego.
O novíssimo hotel (finais de Agosto/2008) de arquitectura contemporânea, cujo projecto foi uma surpresa do arquitecto Jorge Albuquerque, é tido como o "quatro estrelas" mais moderno do país. A utilização do vidro, do alumínio e da pedra evidenciam aquele que já é considerado um marco na arquitectura contemporânea portuguesa.


 



Viana marinheira

Viana tem a sua história ligada à pesca do bacalhau, e à navegação até à Gronelândia e Terra Nova.
Em 1504, havia na Terra Nova colónias de pescadores de Aveiro e de Viana do Minho. Em 1506 um dos principais portos bacalhoeiros era Aveiro. Entre 1520 e 1525 existiu, na Terra Nova, uma colónia de pescadores de Viana do Minho que se dedicava à pesca sedentária - pescavam e secavam o peixe ali mesmo. A permanência ia de Abril a Setembro. Vida dura!
Bacalhau
Assim, pescadores-marinheiros, os homens do bacalhau passavam grande parte do ano fora. Partindo no fim de Março, um veleiro seguia para os bancos da Terra Nova, Nova Escócia e St. Pierre et Miquelon, onde pescava, se o clima permitisse, até ao final de Maio. Nesta altura, tornava-se necessário o reabastecimento de isco fresco, mantimentos, combustível e aguada. Então rumava para a Gronelândia onde, em meados de Junho, retomava a faina. Um bom ano poderia representar cerca de 800 toneladas de captura.
O período de dominação dos Filipes (1580-1640) levou quase à extinção da pesca do bacalhau e a sua recuperação só é levada a bom porto no séc. XIX. Até essa data, 90% do consumo interno do bacalhau era importado, pelo que, em 1830, foram criados incentivos à pesca com a extinção do pagamento dos dízimos e com a construção de 19 barcos. Os navios usados até à 2.ª Grande Guerra eram veleiros, aparecendo, só na década de 20, a assistência aos barcos, feita por 2 barcos a vapor - Carvalho Araújo, em 1923, e Gil Eannes, em 1927.
Sector com enorme carga simbólica, a pesca do bacalhau assiste, na década de trinta, a uma profunda reorganização encetada pelo Estado Novo. A nova estratégia atinge não só as pescas e os pescadores, como outras actividades periféricas.
Pintura a guache: o lugre «Santa Isabel» na Gronelândia
Veleiro de pesca
No entanto o atraso português no processo de industrialização determinou que esta pesca se prolongasse pelo século XX (até 25 de Abril de 1974) com base numa tecnologia ultrapassada: pesca à linha de mão, munida dum único anzol, a bordo dos dóris, pequenas embarcações individuais de fundo chato e tabuado rincado, com um comprimento de 4 a 5 metros e 80 a 100 Kg de peso, apoiando-se nos tradicionais veleiros de madeira. Tratava-se, contudo, de uma técnica de pesca bastante menos agressiva dos recursos do que as redes de emalhar ou de arrasto.
Os últimos grandes veleiros foram construídos em 1937: Argus, Santa Maria Manuela e Creoula, mas poucos anos se mantiveram nesta faina. A última viagem dum lugre - o Gazela Primeiro - ocorreu em 1969.

O navio Gil Eannes que, actualmente serve de Museu e de Pousada da Juventude, é o segundo navio com a mesma tarefa e nome. O primeiro foi um vapor de fabrico alemão de 1927. O Gil Eannes foi construído nos ENVC, em 1955, tendo como missão apoiar a frota bacalhoeira nos mares da Terra Nova e Gronelândia. 
Após findar a sua actividade, em 1984, andou de cais em cais do porto de Lisboa, até ser vendido a um sucateiro para abate em 1997, quando já estava profundamente degradado e pilhado de muito do equipamento que o apetrechava. Em 1998 recebe profundas obras de reabilitação nos ENVC, com o apoio de várias instituições, empresas e cidadãos, e passando a ser propriedade da Fundação Gil Eannes, fica nesse ano, em exposição pública na doca comercial de Viana do Castelo, onde pode ser visitado. Representa a memória viva do passado marítimo da cidade e do país.  


A boa mesa do Alto Minho

O Vale do Lima
João Álvares Fagundes
Foi um Vianense – João Álvares Fagundes – quem descobriu a Terra dos Bacalhaus. Logo a cozinha regional de Viana, este "périplo de coisas boas para a manducação" tem, inexoravelmente,  de estar ligado a este peixe.
E foi Viana, com o seu bacalhau de cura amarela da seca do Mendes ou do Cais Novo, quem deu fama a estas Terras do Alto Minho e o Gil Eanes, que agora temos em casa, já deu nome ao "Bacalhau à Gil Eanes" com honras de  receita firmada nos cardápios da Princesa do Lima.
Cabe aqui mencionar Ramalho Ortigão (que descobre a caseirice do "carro de santola da Zefa Carqueja"), esse grande turista, que melhor do que ninguém soube viajar por estes lados e dizer mesmo que de Portugal esta era "a porção de céu e de solo mais vibrantemente viva e alegre, mais luminosa e mais cantante", abanco-me por estas casas de "Bom Vinho e Comer", em dia de cozido: fossado, esgravatado, escorneado. Divino! Sem esquecer as "caralhas", esse escalfado de miúdos de novilho em verde tinto de Pêrre, famoso entretém de boca.
E se avançarmos pela Ribeira Lima, onde, como diz Manuel Couto Viana, "com licença" o porco é Rei, obrigatório será parar em Ponte (de Lima), com o não menos famoso sarrabulho, os rojões, a perna de porco à Clara Penha, pitéus ainda caseiros e a não perder em tempo de matança. Ou, ainda, o famoso pernil por bandas da "Carvalheira", a sopa dourada do "santuário da Madalena".
Segue-se Ponte da Barca e os seus primores gastronómicos, como o provam as boas viandas barrosãs: a costela de vitela com arroz de feijão; o naco de carne grelhado na brasa mal passado, para guardar o "sumo" e os vinhos "topo de gama" das Terras da Nóbrega. E nos Arcos (de Valdevez), o cabrito, tenro, dos retouços do Mezio, o cozido com os fumados das brandas, o doce de mel, os charutos de ovos, os rebuçados dos Arcos, as laranjas do Ermelo e o queijo das Cachenas. Garantia de uma escapadinha diferente em terras arcuenses, como o provam os restaurantes nas Terras do Juiz Ti Sarramalhos.
Por Paredes de Coura, temos que avivar, de novo, outras receitas, outras "capelas" de bem comer. A Tia Miquelina foi cozinheira afamada. Casa de comidas e bebidas, nela arrefeiçoavam em dia de feira, galegos, contratadores de gado, caixeiros viajantes, fidalgos e abades. E o Vilaça, embaixador com assinatura, leva bem longe a fama dos manjares courenses: o cabrito avinhado dos senhores de Romarigães, as trutas de Penizes, a perdiz e o coelho bravo dos montados de Corno de Bico, as filhoses e os formigos.

Bacalhau à Gil Eanes

Ingredientes:
  • 4 postas de bacalhau
  • 0,5 l de leite
  • 2 cebolas
  • 800 g de batatas
  • 1 raminho de salsa
  • 3 dentes de alho
  • 2 dl de azeite
Preparação:
Ponha o leite e o bacalhau numa caçarola e leve ao lume até ferver ligeiramente. A seguir, passe o peixe por água fria. Espalhe as cebolas cortadas em rodelas, a salsa, o azeite e o alho, de forma a cobrir o bacalhau, numa assadeira (de preferência de loiça). Leve ao forno acompanhado por batatas previamente "entaladas" com pele, cortadas às rodelas e regadas com o mesmo azeite. Sirva tudo no mesmo recipiente.

N.B.: Se não tiver batatas, poderá usar como guarnição,  por exemplo, grão cozido, quente ou frio, acompanhado de cebola picada, alho e salsa, tudo regado com o azeite do assado.
A guarnição de "secos" era frequente a bordo dos nossos bacalhoeiros, dado que a batata era um luxo devido à sua rápida deterioração (grelava e, por conseguinte, engelhava).

Meias-luas de Viana
Massa:
Ponha 500g de farinha (de mandioca) num alguidar e faça uma cova no centro, onde deve deitar uma pitada de sal, 150g de manteiga derretida e a água suficiente para poder amassar.
Depois de bem amassada, faça um rolo com toda a massa e corte fatias, estenda estas porções de massa com o rolo e recorte em forma circular com a carretilha.
Recheio:
Meias-luas de Viana
Para rechear as meias luas leve 500g de açúcar a ponto de pérola e junte 150g de amêndoas raladas finas. Retire do lume a calda de açúcar, deixe arrefecer e junte, depois, 12 gemas. Volte a levar ao lume, apenas o tempo suficiente das gemas cozerem.
Deixe arrefecer e ponha, então, pequenas porções do recheio na massa estendida. Dobre ao meio, de maneira a fazer meias-luas. Frite-as em manteiga/óleo e polvilhe-as com farinha.

O Vale do Minho

Segue-se já para Melgaço. O presunto de Castro Laboreiro – fino e delicioso, de aroma gratíssimo, rosa escarlate, de uma frescura viçosa da fibra. É saborear, então, os bifes do dito, os enchidos, caseiros, com grelos das brandas, o sável com mílharas, a lampreia, o pão castrejo.
Não esquecendo a ceia medieval em honra de D. João I e da Inês Negra. Nem os restaurantes onde as cozinhas cheiram a tradição e as "adegas" a madeira de carvalho onde estagia o Alvarinho.
E Monção? As Terras Deu-la-Deu? Das Termas e do Vinho Alvarinho?

– Compadre, que tal este vinho de Monção?
E a resposta certeira:
– É o melhor de Portugal!
Sabores da lampreia do Rio Minho
Chega-nos Valença, com o seu "shopping" e a sua A3. E aí para a paparoca, entre vários e bons restaurantes, fiquemo-nos  com o bacalhau à São Teotónio, o meixão com molho picante, o cabrito assado dos Montes da Furna, um arroz de perdiz e "sopa seca", nas gulodices. 
Vaticano e Mané, boas recordações. Monção quer arrancar, de novo, para o que foi considerada a "catedral" do reino, na arte de bem receber, na mastigação de quem se ufana de ser um bom gastrónomo. Sem esquecer o "Senhor João": pataniscas de bacalhau com arroz de feijão e grelos, o cabrito no forno dos Anhões, com alguidar vermelho de arroz açafroado, o arroz de lampreia e, nos doces, as barriguinhas de freira.
Em Cerveira, rica de cores e amena na paisagem, com o vale magnífico em paletas de verde, o apetite vai para o arroz de debulho (sável), a solha seca frita, a lampreia. Na doçaria, a artesanal receita do biscoito do milho doce cai no goto ao mais exigente.
Seguindo o Rio Minho e, já na confluência com o Rio Coura, aparece-nos Caminha, a Bela Marinheira. Não pede meças a ninguém: o bacalhau à moda do "Xico dos jornais", a cabidela da lampreia, as trutas do Rio Coura, o polvo à galega, os enchidos e o cabrito da Serra de Arga, preenchem bem a lista caminheira.
E, entramos no litoral minhoto, com o "Ancoradouro" e o "Verde Pinho" ali nas fraldas de Moledo, olhando a Ínsua e Santa Tecla, com a posta barrosã e aquele sargo assado no forno.
Depois, Vila Praia de Âncora e a Senhora da Bonança. É terra de mar, do "portinho", da aldeia de Gontinhães, com o Calvário a mirar os velhos caminhos da Lagarteira. Tradição culinária de muitas décadas, com um nome a reter na gastronomia e cozinha portuguesas: "Felizbela Meira". Boa comida, também, nas tasquinhas do Portinho, que acompanham, e bem, os segredos nos primores de uma terra de mar: o arroz de marisco, as caldeiradas, o "carro" de santola, os grelhados dos nossos peixes.

 Cabrito à Serra d'Arga 



Cerca de 4 500 hectares da Serra d’Arga fazem parte da Rede Europeia Natura 2000.
Encontrando-se em território de quatro concelhos: Caminha, Ponte de Lima, Viana do Castelo e Vila Nova de Cerveira, destaca-se pela sua elevada biodiversidade, pelos inúmeros regatos e rios com as suas belíssimas quedas de água e pela sua deslumbrante paisagem sobre os campos verdes do Alto Minho.



Ingredientes (para 8 Pessoas):

1 Cabrito da Serra d’ Arga de 4 a 5 Kg. 

Cabrito à Serra d'Arga
Alho
Salsa e cebola
Pimenta Branca
Pimentão
Vinho Branco e Vinagre
Sal Grosso

Para o Arroz de Carqueja:
1 Kg de Arroz
1 galinha do campo
presunto da Montaria q.b.
rebentos de carqueja q.b.
1 cebola
1 ramo de salsa.


Preparação: 


Depois do cabrito bem amanhado é cortado em pedaços e posto em vinha-d'alhos, durante 24 horas.
No dia seguinte prepara-se uma assadeira de barro, cobrindo o fundo com cebola, pequenas rodelas de cenoura e salsa. Depois de tudo pronto rega-se com vinho verde branco e vai ao forno durante 40 minutos.
Vai-se voltando as peças da carne e regando com a vinha-d'alhos.
Mais ao menos a meio tempo introduzem-se as batatas que ficam a assar até ao fim.
 

Arroz de Carqueja:

Prepara-se um caldo resultante da cozedura de uma galinha do campo e um pedaço de presunto da Montaria.
Para um quilo de arroz necessitam-se, mais ou menos, 2 litros de caldo. Põe-se no caldo uma boa manada de rebentos de carqueja bem lavados, uma cebola e um ramo de salsa.


N.B.: Geralmente a sobremesa consta de Bolo de Mel.

 Bolo de Mel de Viana

Ingredientes:
  • 2,5 kg de farinha ;
  • 1 kg de açúcar ;
  • 750 g de banha ;
  • 500 g de manteiga ;
  • 25 g de erva doce ;
  • 50 g de canela ;
  • 12 g de cravinho-da-índia ;
  • 12 g de cravo-de-acha ;
  • 1 colher de chá de mistura de especiarias ;
  • 2 kg de nozes (com a casca) ;
  • 250 g de miolo de amêndoa ;
  • 50 g de cidrão ;
  • 5 colheres de sopa de bicarbonato de sódio ;
  • 250 g de pão de massa ;
  • 1,8 litro de mel de cana (cerca de 2 garrafas e meia de melaço) ;
  • 1 cálice de vinho da Madeira ;
  • 4 laranjas
Preparação:

Bolo de Mel de Viana
Prepara-se o fermento com 250 g de farinha, 1 dl de água tépida e 10 g de fermento de padeiro. Envolve-se o pão (ou o fermento) num guardanapo depois de passado por farinha e deixa-se ficar em sítio quente de um dia para o outro.
No dia seguinte, peneiram-se as especiarias previamente pisadas; cortam-se as amêndoas, as nozes e o cidrão em bocados; dissolve-se o bicarbonato no vinho da Madeira; derretem-se as gorduras no mel quente; raspa-se a casca das laranjas e espreme-se o sumo. Peneira-se a farinha e o açúcar para dentro de um alguidar grande, faz-se uma cova ao meio e deita-se aí a massa de fermento; depois vai-se «apagando» o fermento com a farinha, amassando. Quando a farinha e o fermento estiverem bem misturados, começa-se a juntar o mel apenas morno (juntamente com as gorduras) e vai-se amassando. Depois de se ter adicionado todo o mel, juntam-se os frutos preparados, o vinho da Madeira com o bicarbonato, o sumo e a raspa das laranjas e as especiarias. Amassa-se até a massa se desprender do alguidar. Abafa-se com um pano e um cobertor e deixa-se levedar em sítio morno, a uma temperatura sempre igual, durante 3 a 4 dias. Depois divide-se a massa em porções de 250, 500 ou 750 g, conforme o tamanho dos bolos. Deitam-se estas porções de massa em formas redondas, direitas e baixas e muito bem untadas. Leva-se a cozer em forno bem quente, depois de se ter enfeitado a superfície com meias nozes, ou amêndoas, ou bocados de cidrão.

O Vale do Cávado

Depois de Afife, Darque, Amorosa e de Castelo de Neiva, onde as artes e as comidas de pescado, não tem mãos a medir, fica-nos Esposende. E aqui, nos comeres, a escolha vai para os filetes de linguado com arroz de grelos malandrinho, a saborosa lampreia, os primores para o robalo assado no forno, a taínha, a solha e os camarões dos cavalos de Fão.
Mas Esposende, também, Caminhos de Santiago! Relembremos: o cardápio da Estalagem da Barca do Lago (1854); as trutas "fritidas" em unto; a lampreia de ensopado, com especiarias da Índia; o moreno arroz de lampreia – do de fugir pr’á cozinha ... tudo de lamber os beiços. 
Barcelos e a Feira.
Galo de Barcelos
Letra grande para este dia santo que se venera todas as quintas-feiras, no Alto Minho. Mostra, cartaz turístico, exposição de artesanato, que o chafariz setecentista divide por sectores mandando para cada um dos lados: os produtos agrícolas e os galináceos; as regueifas e o pão moreno de centeio; as bancas dos ourives e as tendas da cestaria; os galos e a louça de Barcelos.
Com bons restaurantes e paragem, obrigatória, pode-se optar por umas papas de sarrabulho e uma fritada de ovos com morcelas; nos peixes, o bacalhau e o polvo na brasa. Depois, um cozido assombroso de paladares: fiquemo-nos pelas chouriças, um toucinhinho entremeado, pelas hortaliças e uma coxa de frango pica-no-chão do quinteiro. Nos "postres", um bolo de laranja, com raspa e sumo. Soberbo!
Terminemos em Terras de Bouro. Pela Serra do Gerês, pelas muralhas e vistas da Calcedónia, por S. João do Campo e Covide. Pela Geira Romana. E tal como um "novo" peregrino dos Caminhos de Santiago, também, se pode fazer pousada em terras de Chamoím. Curas de alma, curas de corpo.

São Bento da Porta Aberta
Porque a não tendes fechada?
Quereis ver os peregrinos
Que vos passam na entrada?


Fim do Roteiro. Para amaciar a búzera, aconselha-se o famosíssimo Cozido (couves com feijão), o cabritinho da Serra do Gerês no forno, os filetes de pescada da Póvoa, a não menos célebre Caldeirada de "Cabra Nova" (das do Gerês), ali mesmo junto ao Santuário, obra da Confraria e como tal de bons comes e bebes e de boa sesta.





 



































(1) - A Basílica no alto do monte de Santa Luzia foi principiada em 1903, por iniciativa do padre António Martins Carneiro, com projecto do arquitecto Miguel Ventura Terra.
A última etapa da sua construção, sob a direcção do arquitecto Miguel Nogueira Júnior, a partir de 1925, é considerada como inspirada na Basílica de Sacré Coeur, em Paris. Os trabalhos de cantaria em granito são da responsabilidade do mestre canteiro, Emídio Pereira Lima. 
Aberto ao culto em 1926, os trabalhos estenderam-se até 1943.
Desde 1923 o santuário é servido pelo Elevador de Santa Luzia e compreende, ainda, o "Núcleo Museológico do Templo-Monumento de Santa Luzia", constituído por uma sala na parte inferior da basílica, sendo o seu acervo constituído por talha, imagens, azulejos, e outros. 
(2) - Lethes - Lenda do Rio Lima
Diz-se que quando as legiões romanas chegaram, no século I a.C., à foz do rio Lima, de tal forma se assombraram com a paisagem que pensaram estar às portas do paraíso, com o Lethes, o rio do esquecimento mesmo à sua frente. E estes homens recusaram-se a dar mais um passo. O cônsul que os acompanhava, empunhando o estandarte de Roma, atravessou o rio a vau. Aí chegado, chamou os seus homens, um por um, pelo seu respectivo nome. Só assim se convenceram os soldados que o Lima não era o rio do esquecimento.

(3) - Os Estaleiros Navais de Viana do Castelo foram criados em Junho de 1944, por incentivo do Governo, que pretendia um desenvolvimento e modernização da frota de pesca portuguesa de longo alcance. Os primeiros sócios foram técnicos de construção naval do Porto de Lisboa associados a empresas do ramo da pesca do bacalhau.
Os ENVC começaram, pois, por se dedicar essencialmente à construção de navios de pesca de longo curso. Posteriormente o seu leque de construções foi-se alargando para navios de outro tipo, incluindo desde ferry-boats a navios de guerra. 
Em 1975 os estaleiros foram nacionalizados, passando a ser uma empresa pública. Em 1991, são transformados em sociedade anónima, mas mantendo-se o Estado como seu principal accionista.
Ao longo da sua história, os ENVC construíram mais de 200 navios de todos os tipos. Dos mais recentes, ou ainda em construção, destacam-se:
  • Navios de Cruzeiro Fluvial e Costeiro de 90 t Algarve Cruiser e Douro Queen.
  • Ferry de Passageiros de 800 t Lobo Marinho.
  • Navios de Patrulha Oceânica de 1600 t da Classe Viana do Castelo. NRP Viana do Castelo.  
  • Porta-contentores de 8 000 t Industrial Diamond.
  • Navios Reefer (transporte de contentores + porão frigorífico) de 15 000 t Carmel Ecofrech e Carmel Bio-Top.
(4) - "O Centro Cultural de Viana do Castelo inicialmente chamado de Multiusos e posteriormente Coliseu, já leva mais de dois anos de atraso em relação à primeira data prevista de conclusão (2009). 
Centro Cultural de Viana do Castelo (em construção)
Depois de apontadas várias datas de conclusão e nunca cumpridas (a última indicava que abrisse por altura da Romaria da Agonia 2012), a autarquia acaba de estabelecer novo prazo, avançando agora que a obra deverá ficar concluída até ao final do ano. 
Este projecto tem garantido um financiamento comunitário na ordem dos 10,5 milhões de euros. O custo total da obra vai agora nos 13,1 milhões de euros, cabendo ao município de Viana do Castelo a responsabilidade pelos 2,6 milhões de euros restantes." (Olhar Viana do Castelo, 12 de Julho de 2012).






Fontes: Wiki; guia da cidade.pt; carta Irmã Maria do Carmo da Santíssima Trindade, nascida em Viana do Castelo, enclausurada no Carmelo Santa Teresinha, Benevides (PA), Brasil; milhas náuticas; Portal da Marinha; Francisco Sampaio (A boa mesa do Alto Minho); Quinta das Mineirinhas; Visão; Portal da CMVC, Olhar Viana do Castelo, Viana do Castelo-Wikitravel.






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