Pesquisar neste blogue

domingo, 12 de agosto de 2012

A chuva que (não) cai... na "calçada portuguesa"!



É a chuva que promete... ameaça... mas não cai!


Chuva

As coisas vulgares que há na vida
Não deixam saudades
Só as lembranças que doem
Ou fazem sorrir

Há gente que fica na história
da história da gente
e outras de quem nem o nome
lembramos ouvir

São emoções que dão vida
à saudade que trago
Aquelas que tive contigo
e acabei por perder

Há dias que marcam a alma
e a vida da gente
e aquele em que tu me deixaste
não posso esquecer

A chuva molhava-me o rosto
Gelado e cansado
As ruas que a cidade tinha
Já eu percorrera

Ai... meu choro de moça perdida
gritava à cidade
que o fogo do amor sob chuva
há instantes morrera

A chuva ouviu e calou
meu segredo à cidade
E eis que ela bate no vidro
Trazendo a saudade.


- Jorge Fernando


Chuva Oblíqua

Atravessa esta paisagem o meu sonho dum porto infinito
E a cor das flores é transparente das velas de grandes navios
Que largam do cais arrastando nas águas por sombra
Os vultos ao sol daquelas árvores antigas...

O porto que sonho é sombrio e pálido
E esta paisagem é cheia de sol deste lado...
Mas no meu espírito o sol deste dia é porto sombrio
E os navios que saem de porto são estas árvores ao sol...

Liberto em duplo, abandonei-me da paisagem abaixo...
O vulto do cais é a estrada nítida e calma
Que se levanta e se ergue como um muro,
E os navios passam por dentro dos troncos das árvores
Com uma horizontalidade vertical,
E deixam cair amarras na água pelas folhas uma a uma dentro...

Não sei quem me sonho...
Súbito toda a água do mar do porto é transparente
E vejo no fundo, como uma estampa enorme que lá estivesse desdobrada,
Esta paisagem toda, renque de árvore, estrada a arder naquele porto,
E a sombra duma nau mais antiga que o porto que passa
Entre o meu sonho do porto e o meu ver esta paisagem
E chega ao pé de mim, e entra por mim dentro,
E passa para o outro lado da minha alma...
(...)

- Fernando Pessoa


Esperança: depois da chuva

E depois da chuva,
caminho pelas poças
com pés descalços...
Alço altos voos pelo meu coração
com uma única certeza:
tenho asas, sou borboleta...
Violetas ali, jasmins aqui...
Tanta beleza
A vida descortina...
Ó sou tão menina!
Pego uma margarida,
e já esqueço a ferida...
Tantas idas e vindas,
tantos sins e nãos,
e meu coração floresce em mim...

Antes da chuva eu era tristeza
Era lagarta em casulo
Em nada via beleza
Era um vazio escuro
Mas depois da chuva
A poeira se apaga
A vida antes era turva
E agora a alegria se propaga.
A chuva no campo e no mar
Muda e alegra meu olhar
A vida tem mais cor
E ali alguém passa a me observar
E começa uma linda historia de amor.

- Joana Darc Brasil & Karla Bardanza (lusopoemas).


Calçada portuguesa (padrão mar largo),
Rio de Janeiro, Copacabana, Brasil.








Não sendo, porventura, o melhor "tapete" para se pisar em dias de chuva, a "calçada portuguesa" é usada, sobretudo, na pavimentação de passeios e espaços públicos. Verdadeira obra de arte com base em elementos decorativos geométricos ricos em simetrias. Ultrapassou fronteiras, tendo subjacente um ideal de moda e bom gosto. A arte aliada à funcionalidade originaram as genuínas obras primas que pisamos.

Foram as cartas régias de 20 de Agosto de 1498 e de 8 de Maio de 1500, assinadas pelo rei D. Manuel I, que deram o início do calcetamento das ruas de Lisboa. Assim nasceu, em Portugal, a dita calçada.  Nessa época, foi determinado que o material a utilizar deveria ser o granito da região do Porto.




Hoje a "calçada portuguesa", para além da sua beleza e utilidade, serve de inspirações várias, incluindo a moda feminina.
Exemplo a registar é o do estilista português Luís Buchinho que apresentou a sua nova colecção para o próximo Outono/Inverno na "semana da moda, em Paris". A calçada portuguesa foi o tema de inspiração das roupas femininas, sendo a mesma colecção também apresentada no desfile que encerrou o primeiro dia da 38.ª edição da ModaLisboa.
  



















Sem comentários:

Enviar um comentário