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domingo, 12 de agosto de 2012

Orquidea "cats relation"...




My cats


Olhar certeiro, ouvido atento. Inteligente, voluntarioso e altivo. Sabe o que quer, onde está e como consegui-lo. É vê-lo "arrastar-me" até ao sítio pretendido...

Yes, I know, I'm feline... I love cats. Very, very much!

 
Ode ao Gato

Tu e eu temos de permeio
a rebeldia que desassossega,
a matéria compulsiva dos sentidos.
Que ninguém nos dome,
que ninguém tente
reduzir-nos ao silêncio branco da cinza,
pois nós temos fôlegos largos
de vento e de névoa
para de novo nos erguermos
e, sobre o desconsolo dos escombros,
formarmos o salto
que leva à glória ou à morte,
conforme a harmonia dos astros
e a regra elementar do destino.

José Jorge Letria, in "Animália Odes aos Bichos"


My "javanês" a little sleeping! Once upon a time...

O gato tranquilo

Ei-lo, quieto, a cismar, como em grave sigilo,
vendo tudo através a cor verde dos olhos,
onça que não cresceu, hoje é um gato tranquilo.
A sua vida é um "manso lago", sem escolhos...

Não ama a lua, nem telhado a velho estilo.
De uma rica almofada entre os suaves refolhos,
prefere ronronar, em gracioso cochilo,
vendo tudo através a cor verde dos olhos.

Poderia ser mau, fosforescente espanto,
pequenino terror dos pássaros; no entanto,
se fez um professor de silêncio e virtude.

Gato que sonha assim, se algum dia o entenderdes,
vereis quanto é feliz uma alma que se ilude,
e olha a vida através da cor de uns olhos verdes.

- Cassiano Ricardo

De todas as criaturas de Deus, somente uma não pode ser castigada. Essa é o gato. Se fosse possível cruzar o homem com o gato, melhoraria o homem, mas pioraria o gato. - Mark Twain.


ODE AO GATO

Nada é mais incómodo para a arrogância humana que o silencioso bastar-se dos gatos. O gato é um italiano educado na Inglaterra. Sente como um italiano, mas se comporta como um lorde inglês.
Quem não se relaciona bem com o próprio inconsciente não gosta do gato. Ele aparece, então, como ameaça, porque representa a relação sempre precária do homem com o (próprio) mistério. O gato não se relaciona com a aparência do homem. Vê além, por dentro e avesso. Relaciona-se com a essência.
O gato é uma lição diária de afecto verdadeiro e fiel. Exigem recolhimento, entrega, atenção. Os desatentos não agradam aos gatos. Os zaragateiros irritam-os. Tudo o que precisa de promoção ou explicação assusta-os. Os ingratos desgostam-os. Os bem-falantes entediam-os. O gato não quer explicação, quer afirmação. Vive do verdadeiro e não se ilude com aparências. Ninguém em toda a natureza, aprendeu a bastar-se (até na higiene) a si mesmo como o gato.
Lições de saúde sexual e sensualidade. Lição de envolvimento amoroso com dedicação integral de vários dias. Lição de organização familiar e de definição de espaço próprio e território pessoal. Lição de anatomia, equilíbrio, desempenho muscular. Lição de salto. Lição de silêncio. Lição de descanso. Lição de introversão. Lição de contacto com o mistério, o escuro e a sombra. Lição de religiosidade sem ícones.
Lição de alimentação e requinte. Lição de bom gesto e senso de oportunidade. Lição de vida e elegância, a mais completa, diária, silenciosa, educada, sem cobranças, sem veemências ou exageros e incontinências.
O gato é um monge portátil sempre à disposição de quem o saiba perceber. Desconfie sempre de pessoas que não gostam de gatos!

- Artur da Távola (adaptado-BC/)







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