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domingo, 12 de agosto de 2012

Romaria da Senhora d'Agonia


Igreja de N.ª Senhora d'Agonia


 

A Capela de Nossa Senhora d'Agonia, monumento de bonita traça cuja construção remonta a 1700, sita no Campo da Agonia, na freguesia de Monserrate, na cidade e concelho de Viana do Castelo, no distrito do mesmo nome, neste nosso Portugal, está ligada à tradição da Romaria de Nossa Senhora da Agonia, Virgem padroeira dos pescadores locais. É a festa mais tradicional da cidade, e quiçá a mais bela do país, que cumpre uma tradição multissecular. Realiza-se, anualmente, depois da primeira quinzena de Agosto, sendo o dia que lhe é consagrado feriado municipal.
É a mais famosa das quatro capelas erguidas no outrora conhecido como "Morro da Forca", juntamente com a Capela de Nossa Senhora da Conceição (actualmente vazia, e cuja construção remontará aos finais do séc. XVI), a Capela de São Roque, e a Capela do Bom Jesus da Via Sacra (posteriormente denominada como Capela da Senhora da Soledade).
Originalmente capela de romaria, reproduz nos sete alares os passos da via sacra que lhe deu origem. É rematada, entretanto, na nave, por uma pintura da Ressurreição, ao gosto do século XIX, incluindo uma escultura do Cristo ressuscitado. Esta nave, única, por sua vez remata com a Capela Mor, cujo altar, em estilo D. João V, é de uma beleza de grande intensidade. Em diversos altares laterais, podem ver-se telas de boa escolástica.
Os retábulos dos altares e o púlpito foram decorados com a chamada "talha gorda" bracarense, com destaque para o cenotáfio da Paixão de Cristo, de autoria de André Soares (Braga, 1720 - 1769, arquitecto português, de barroco rococó). Fazem, ainda, parte do acervo desta igreja uma urna envidraçada onde se pode ver a múmia de S. Severino, oriunda de Roma, bem como o túmulo do General Luís do Rego, um notável vianense (Viana do Castelo, 28 de Outubro de 1777 - 7 de Setembro de 1840, 1.º visconde de Geraz do Lima, militar e administrador colonial que se distinguiu no combate às invasões francesas).
Em estilo barroco tardio, destaca-se na fachada desta igreja o portal em "asa de morcego". Internamente apresenta nave de planta octogonal e capela-mor no seu enfiamento. A torre sineira traseira, erguida em 1868, e que domina toda a cidade, manteve-se deslocada do corpo do edifício para não impedir as voltas da romagem.
Esta Igreja integra-se num conjunto arquitectónico de grande interesse. Em diferentes planos, podem ver-se a Capela de S. Roque, a velha Ermidinha do Senhor da Boa Morte, a igrejinha da Senhora da Conceição, uma linda torre sineira e dois fontanários e, ainda, um cruzeiro (três cruzes em granito).
O ponto mais elevado, donde se avistavam, outrora, os navios veleiros que aportavam a Viana, foi também lugar de onde se assistiu a grandes tragédias marítimas. Existe, no local, um farol para orientar a navegação na demanda da barra de Viana.

 Tapetes floridos

Os tapetes floridos são uma das principais atracções da Romaria. Durante toda a noite, as principais ruas da Ribeira engalanam-se para receber a procissão no dia do feriado municipal. Por isso, pela noite dentro, os populares criam tapetes de flores, sal e instrumentos da faina para que, nesse dia, ali passe a Senhora d’Agonia em procissão. 


Em 1998, ano em que se comemorava o 150.º aniversário da elevação de Viana do Castelo a Cidade, a Presidência de Honra da Romaria da Agonia foi de Amália Rodrigues que fez questão de, apesar da sua avançada idade, prestigiar a Romaria e os próprios vianenses com a sua presença, envergando um traje vianense, e participando activamente nos principais números das festividades daquele ano.

A Minha Terra É Viana

Amália Rodrigues

A minha terra é Viana
Sou do monte e sou do mar
Só dou o nome de terra
Onde o da minha chegar.
Ó minha terra vestida
De cor de folha de rosa
Ó brancos saios de Pena
Vermelhinhos de Areosa
Virei costas à Galiza
Voltei-me antes para o mar
Santa Marta saias negras
Tem vidrilhos de luar.
Dancei a gota em Carreço
O Verde Gaio em Afife
Dancei-o devagarinho
Como a lei manda bailar
Como a lei manda bailar
Dancei em a Tirana
E dancei em todo o Minho
E quem diz Minho diz Viana.
Virei costas à Galiza
Voltei-me então para o sol
Santa Marta saias verdes
Deram-lhe o nome de azul.
A minha terra é Viana
São estas ruas estreitas
São os navios que partem
E são as pedras que ficam.
É este sol que me abraza
Este amor que não engana
Estas sombras que me assustam
A minha terra é Viana.
Virei costas à Galiza
Pus-me a remar contra o vento
Santa Marta saias rubras
Da cor do meu pensamento.




Trajes Típicos


Embora semelhante entre si, os trajes, de freguesia para freguesia apresentam peculiaridades diferentes quer na cor, pormenores ou conforme as ocasiões a que se destinam.

Traje Vermelho


Graças às suas cores muito vivas e bonitas, de longa data ficou a ser o traje oficial que representa Portugal onde quer que o país seja apresentado folcloricamente.
Moças, senhoras ou crianças vestem este traje com grande orgulho e satisfação.
Além dos tradicionais e coloridos lenços que apresenta na cabeça e nos ombros, compõem este traje, também, uma vistosa saia confeccionada em lã, totalmente bordada à mão também em fios de lã colorida, com diversos desenhos que dão graça e beleza à autenticidade desta roupa.
Na cintura as populares “algibeiras” que servem para guardar objectos pessoais.
Os tradicionais aventais também bordados em lã obedecendo em cores e desenhos aos mesmos critérios das saias.
As meias totalmente brancas, são confeccionadas a mão em tricot de cinco agulhas. Os chinelos são de verniz também bordados à mão com linhas de diversas cores dando-lhes um colorido peculiar.
A blusa é de linho com bordados nos punhos e nos ombros.
Muito usado em várias freguesias, entre elas Areosa, nome com que se tornou popular este traje.

Traje Azul



Esta roupa obedece a todos os detalhes explanados na descrição dos trajes vermelhos,ou seja: os lenços da cabeça e dos ombros, a saia, o avental e a algibeira. Apenas diferem do anterior na cor predominante, enquanto no outro era o vermelho quem comandava as cores neste é o azul a cor de mais destaque. As blusas meias e chinelos são quase sempre iguais.
Este traje é muito usado em Santa Marta de Portuzelo e na própria cidade de Viana do Castelo nas grandes Romarias.

 Traje Verde





Difere dos demais na cor predominante que neste é a cor verde.
Os demais detalhes são iguais aos trajes anteriores.
São muito usados nas freguesias de Gerez do Lima, Dem, Vila Praia de Âncora, São Lourenço da Montaria, Perre e Outeiro.

 

Traje Escuro ou Dó

 


É usado em sinal de luto quando morre uma pessoa da família ou quando um parente parte para o estrangeiro. Nos casos de falecimento de Pai ou Mãe, a obediência deve ser respeitada durante dois anos, e, sendo irmão, apenas um ano.
Quando o traje é usado para simbolizar dor pela separação, motivada por ausência temporária ou mesmo definitiva de um parente, a moça fica trajando-o até que receba comunicação de que o parente chegou ao seu destino e que tudo está bem.
Na verdade, a diferença marcante dos demais trajes, deve-se a tonalidade que no caso presente e como não poderia deixar de ser predomina a cor preta.

Traje de Mordoma

 


Assim se vestiam as moças nas festas realizadas nas igrejas com a finalidade de apresentá-las à sociedade.
Nos pés, os chinelos de verniz, porém agora, bordados somente com linha branca. As meias também brancas.
A saia é de veludo preto, bordada com lantejoulas e missangas, tendo aproximadamente uma roda de três metros. O avental é de seda e veludo, também pretos, com bordados em lantejoulas e missangas, sendo que do bordado se destaca o escudo de Portugal.
A blusa é bordada nos punhos e nos ombros. O colete também em veludo é bordado com os mesmos materiais da saia e avental. Na cabeça um lenço de seda branca. Na mão direita segura um arranjo artisticamente confeccionado, denominado PALMITO, que culmina com uma vela. Para segurar este palmito usa-se um lencinho que lhe foi oferecido pelo namorado com alguns dizeres, todo emprestado, e servirá para enganar um possível candidato.
O ouro que ela traz consigo é quase só alusivo ao amor.
Diz a lenda que as moças, entrando com o palmito aceso na igreja, teriam o máximo cuidado para evitar correntes de ar de modo que não se apagas-se a vela já que, se isto acontecesse, era sinal que a moça não mais estava em condições de se casar.

Traje de Noiva

 

É aquele mesmo traje de Mordoma, só que agora, substitui-se o colete por um casaquinho e o lenço da cabeça é substituído por um véu.
Na mão deixa de usar o palmito e passa a usar o Bouquet, que é seguro por um lencinho oferecido pelo namorado que agora vai ser seu marido. Este lenço deve ser guardado com todo o carinho e cuidado, já que lhe servirá para cobrir o rosto no dia de sua morte.
O ouro que ela traz já é todo dela, oferecido que foi pelos parentes e que passa a ser o seu dote. Nas vésperas do dia do casamento, a família reúne-se quando cada membro oferece à noiva alguma parte daquele ouro, ao que chamavam "Dourar a Noiva".

Traje de Noivo






- Calça preta;
- Colete preto;
- Jaqueta preta com bordados na cor preta feitos a mão ao redor;
- Camisa de linho branco sem bordados com gola padre e pregas;
- Chapéu preto;
- Sapatos pretos no pé.



Traje de Trabalho

 

É esta a roupa usada pelas moças nos trabalhos do campo. Geralmente, nas ceifas do trigo, centeio, milho, nas vindimas, malhadas e nas grandes arrancadas do linho. Devido ao uso a que se destina, este traje é muito leve. É confeccionado em lã e linho e bordado à mão. A blusa e o colete são lisos não tendo os bordados coloridos que os outros trajes apresentam.
Nos pés, as moças, agora usam sócos, que é uma espécie de bota confeccionada de couro e madeira, também simples para o uso a que se destinam.
O seu principal instrumento de trabalho que aqui aparece é a FOICE que serve para ajudá-la no desempenho de suas atividades.
Sobre a cabeça usam um grande chapéu de palha que serve para abrigá-las dos raios solares.


Traje de Trabalho Homem




- Calça de fraldilha no tear, em lã castanha ou de cotim e chambre.
- Camisa de linho com estopa sem bordado.
- Chapéu de palha.
- Calça socos ou chancas conforme o trabalho que for executar.

 

Traje de Domingar 

 


Confeccionados em saia branca de linho com forro azul ou vermelho.
Avental de fundo azul ou vermelho com desenhos de figuras geométricas em amarelo, vermelho, preto e rosa.
Colete de trespasse com fundo vermelho ou azul e barra de veludo decorado com guarnições de sargarias e debruado com fitas de lã.
Camisa de linho branco bordada a ponto cruz nos ombros e punhos.
Algibeira de fundo vermelho ou azul decorada com sargarias e debruada com fitas de lã.
Lenços de lã na cor azul ou vermelha com ramagens sem franjas.
Calça peúga de algodão e socos pretos sem bordado.
O traje na cor vermelha é para uso em festas, ir à missa ao domingo e namorar, já o traje na cor azul e usado para o "luto aliviado".

Traje de Ir à Feira

 


Muito usado na freguesia de Vila Franca do Lima, este traje é composto de saia em cor natural avergastada com barra preta de lã, avental com desenhos geométricos em cores garridas, colete de trepasse em lã com barra de veludo preto, blusa branca de linho com pouco bordado em ponto cheio, na cabeça lenço com franjas, nos pés peúgas de algodão e socos pretos, saco de mão em crochet, pouco ouro.
Ainda compõe este traje um cesto que, quando vazio, vai apoiado nos quadris e cheio vai à cabeça. O papel económico e funcional das peúgas é apenas aproveitar a meia, peça inteira, que se rompia na eira, enquanto se dançava o vira, em dias de festa.

Traje de Meia Senhora


Meia senhora ou morgada, por ser a filha mais velha, era herdeira de propriedades ou bens vinculados, que não podiam ser desmembrados ou vendidos, passando sempre dos pais para o filho(a) mais velho(a).
Compõe este traje: casaquinha justa em fazenda preta, podendo ser bordada com vidrilhos, saia rodada em tecido estampado das mais variadas cores, sacola de mão em crochet ou tecido, sombrinha, lenço de seda na cebeça ou nos ombros, meias brancas rendadas, chinelas pretas.
Sempre de sombrinha, quando passeava pelas ruas da cidade, a rapariga queria proteger-se do sol e manter a sua pele clara, sendo esse o sinal de que não trabalhava.
A quantidade do ouro que a rapariga usava demonstrava toda a sua riqueza.

Traje Barcelinhos (Rancho Juvenil)

 


 Saia de lã preta trabalhada em listas finas de diversas cores e barra preta; o avental de fundo claro (verde, azul, amarelo, vermelho, branco, etc, …) também trabalhado em filetes coloridos e barra preta;
O colete preto com barra de veludo preto; blusa de gola grande com rendas, bem como os punhos;
No peito lenço em ramagens de uma cor e o da cabeça noutra; meias brancas, chinelas pretas;
Faixa preta de lã, amarrada nos quadris com lenço de mão. Com sorriso largo, mostra sobre o peito seu dote em ouro.

Traje Folclore Masculino



- camisa de linho branco bordada em vermelho ou azul;
- jaqueta preta com os tradicionais botões em carreira nas mangas e o lencinho branco bordado oferta da namorada ou esposa no bolso;
- calça preta;
- chapéu preto;
- sapatos pretos;
- faixa em lã na cor vermelha na cintura.

Traje de Afife


 Este traje de “festa” era usado pelas lavradeiras da região de Viana do Castelo nas festas e romarias da terra.
Composto por saia de lã de fundo vermelho com filetes pretos e brancos, barra azul escuro, algibeira bordada, avental vermelho com listas pretas, dividido ao meio no sentido transversal, blusa branca, pouco bordada em ponto cruz ou lisa, podendo levar rendas na gola e nos punhos, colete vermelho com barra de veludo preto, na cabeça lenço amarelo vivo franjado e no peito meio lenço de cor laranja, meias brancas lisas e chinelas pretas sem bordado.


Desfile da mordomia 

"Georges! Anda ver o meu país de romarias E procissões!
Olha essas moças, olha estas Marias!
Caramba! Dá-lhes beliscões!
O corpo delas, vê! São ourivesarias,
Gula e luxúria dos Manéis! Têm nas orelhas grossas arrecadas,
Nas mãos (com luvas), trinta moedas em anéis,
Ao pescoço, serpentes de cordões,
E sobre os seios, entre cruzes, como espadas, Além dos seus, mais trinta corações!
Vá Georges, faz-te Manel! Viola ao peito,
Toca a bailar."



- António Nobre (Só)






Segredo da Agonia
e a Gente do Mar

A Senhora da Agonia
Quis, ali, o seu olhar,
Para velar, noite e dia,
Pelos que partem e chegam
E que, com risco, navegam,
Por sobre as águas do mar;
E, quando ruge a procela
E sopra rija a ventania,
Ao entrar da barra, é Ela
Quem os ampara e os guia
Ali, da sua capela.

Grosso, o mar tem vindo a mais...
E, as mulheres, muito aflitas,
Rompem aos gritos no cais
Ao ver a vida dos seus,
Em risco certo de morte;
Os braços erguem aos Céus
E, chorando a sua sorte,
De olhos postos na capela,
Ajoelhadas, contritas,
Imagens de dor, benditas,
Rogam, voltadas para Ela:

Minha Virgem da Agonia
Salvai, Senhora, o meu“home”!
Tragédia do Mar (1)
Ai, se ele a vida perdia!...
Vai-se o pão de cada dia...
Morrem-se os filhos de fome!...
E todos tão pequeninos...
São já dez – afora o resto!
Tende dó dos meus meninos...
Cabem abaixo de um cesto
São do pai toda a alegria,
Desvelo dos seus carinhos...
Ó Senhora da Agonia,
Não deixeis – eu morreria!
Que me fiquem orfãozinhos!...

Ó Senhora da Agonia,
Diz a mãe dum pescador,
Como Vós, eu fui, um dia,
Viúva, cheia de dor;
Na amargura dessa hora,
Ficou-me ao peito, Senhora,
Um fruto do meu amor;
É já hoje, um homenzinho...
Como o pai, vive a pescar,
Anda naquele barquinho,
Quase preste a naufragar!
Senhora , Vós fostes Mãe,
Como eu, de um Filho só;
Sofrestes, como ninguém!
Foi, sem par, o Vosso dó;
Porque viste Teu Jesus
Morrer nos braços da Cruz;
E ali, nesse barquinho,
Vês, com a morte a lutar,
Um rapaz... é o meu filhinho!
Poupai-me, Senhora, a dor,
Que Tu já sofreste, um dia!
É, o meu filho... o meu amor.
Não o deixeis afogar,
Na grande cruz desse mar!

Ouço uma noiva formosa,
Com olhos dum verde-mar,
Comovida, receosa,
Olhos fartos de chorar,
Em torrente copiosa,
Que as vagas vai engrossar,
A dizer, baixo, com ela:
- Ó vil “Penedo Ladrão”.
Virgem da Agonia,
Que o mar poderia
Prometo Senhora,
Levar-Te uma vela
No Vosso altar.

Embarcação de pesca de arrasto a operar no mar da Tasmânia.
O mar caiu, num momento;
E o barquinho a assoprar,
Com verga e velas partidas,
A bordo, com tantas vidas
Já cansadas de lutar
Contra o mar e contra o vento,
A Senhora da Agonia,
Já quase ao findar do dia,
Traz ao porto e salvamento.         


Passado que foi um dia
Dessa tormenta tamanha,
Toda a gente da campanha
Foi à Igreja da Agonia,
Levar a vela rasgada
Pela fúria do tufão;
Já envolta em lindas fitas,
Levemente perfumada
Por flores muito bonitas
Entre as quais brilhavam rosas
E camélias do Japão.
E, no mais chocante grito
De sincera devoção,
Cantando alto o “Bendito”,
Em preito de gratidão
Ha lembrar aquele dia,
As velas foram deixar
Estendida aos pés do altar
Da Senhora da Agonia.

- José Lomba (1957)


Procissão ao mar 

A procissão fluvial começou a realizar-se a partir de 1968. Tem lugar após a missa celebrada pelo Bispo da Diocese, na Capela da Senhora D'Agonia, vai até ao cais dos Pilotos, onde os barcos, devidamente engalanados para a ocasião, esperam os andores. 

Após prelecção do Bispo, em palco improvisado frente à doca e virado para o mar, abre o cortejo uma lancha da Polícia Marítima (outrora era a lancha dos Pilotos da Barra). As precedências protocolares obrigam a que o barco que transporta a imagem da Sr.ª d'Agonia seja antecedida da embarcação que transporta as autoridades eclesiásticas e civis, seguindo-se os barcos dos demais santos. Na cauda enfileiram as estantes embarcações com visitantes e/ou fiéis a que se juntam os rebocadores do porto com capacidade de transporte extra.

         

A procissão segue em direcção à barra, dando a volta junto à ponta do molhe Norte, rumando para o rio Lima até à bacia de manobra onde roda pelo Norte, retrocedendo e descendo o rio de regresso ao ponto de partida. Durante o trajecto é "escoltada" por embarcações afectas à Capitânia do Porto. 

Durante esta cerimónia a barra encontra-se fechada a toda a navegação. As pessoas, aos milhares, aglomeram-se ao longo do cais dos Pilotos, da Doca Comercial, da Doca de Marés e ao longo das margens do Rio Lima para assistirem à sua passagem. Os mais ousados conseguem embarcar nos rebocadores do porto e nos barcos dos pescadores nela tomando parte. 

Os foguetes estalejam no ar, ribombando nos momentos e pontos mais importantes da passagem dos barcos de transporte dos andores, enquanto os barcos no porto fazem ouvir os seus apitos característicos. O resto do percurso, após a chegada a terra, faz-se pelas ruas atapetadas e engalanadas, em direcção à capela da Senhora D'Agonia, percorrendo o bairro da Ribeira - num ziguezague pelas ruas, dos Poveiros, Infante D. Henrique, Góis Pinto, Mons. Daniel Machado e Frei Bartolomeu dos Mártires.


 Cortejo etnográfico


O Alto Minho tem grandes romarias: São Bento da Porta Aberta no Gerês, Senhora da Peneda ou São João d'Arga nas serras homónimas. Contudo a da Senhora da Agonia assume-se como a "romaria das romarias".
 
 
 
De resto, já o conde d'Aurora se lhe referia em 1929, como "a Festa Nacional do Minho".
Em anos mais recentes, os promotores dos festejos têm procurado acentuar esta característica englobante, fazendo incluir no cortejo etnográfico quadros referentes aos diferentes concelhos do distrito.
Sem prejuízo deste aspecto, esta romaria continua a manter um traço essencial: a devoção das gentes do mar.
O culto da Senhora da Agonia remonta ao século XVIII. A primeira referência escrita data de 1744, sendo de 1773 a tela votiva mais antiga.


Programa da Romaria da Senhora d'Agonia 2012 

A romaria da Senhora d'Agonia/2012 vai decorrer ente os dias 17 (sexta-feira) e 20 (segunda-feira) de Agosto. Está, este ano, subordinada ao tema "doces tradicionais vianenses e a arte da canelografia".
De entre os múltiplos e variados eventos, destacam-se a "Procissão Solene da Senhora d'Agonia" (sexta-feira), o "Cortejo Etnográfico" (sábado), o "Desfile Vamos para a Serenata" (domingo), a "Procissão ao mar" e os "Tapetes Floridos na Ribeira" (segunda-feira - dia da Sr.ª d'Agonia, padroeira dos pescadores vianenses).


Sabores tradicionais do Minho
"Arroz Doce"

Ingredientes:


250 gr de arroz

250 gr de açúcar branco

6 gemas
7,5 dl de leite
Sal, casca de limão, 1 pau de canela
Canela em pó q.b.
Água q.b. (+/- 7,5 dl)

Preparação:

Leve ao lume uma panela com água suficiente para cobrir o arroz, temperada com um pouco de sal.
Quando começar a ferver introduza o arroz que deve deixar cozer até absorver a água (cerca de 5 minutos).
À parte, ferva o leite com a casca de limão e o pau de canela e adicione-o ao arroz. Deixe cozer em lume muito brando e acrescente o açúcar.
Decorridos cerca de 10 minutos, retire do lume, deixe arrefecer um pouco e incorpore as gemas batidas, misturando-as previamente com um pouco de leite, fervido e frio, para que não talhem. Vai novamente ao lume para que as gemas cozam, sem ferver.
Transfira para pratinhos ou travessa e decore com canela, depois de frio.








(1) - Em 2005, foi inaugurado, na praia de Matosinhos, o monumento "Tragédia do Mar", uma escultura em homenagem ao naufrágio de 1947, com cerca de três metros de altura, composto por cinco figuras de órfãos e viúvas em cujas faces transparece a tragédia ocorrida. 
É da autoria de José João Brito, baseado na tela do mesmo nome criada pelo Mestre Augusto Gomes.







Fontes: Wiki, Mar de Viana, Casa do Minho no Brasil, Olhar Viana do Castelo, Folclore de Portugal-o portal do folclore português.








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